quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Melhores filmes de 2017, na minha opinião (Esse ano com outras pessoas)

2017 está acabando e um dos momentos mais legais de dezembro é rever os filmes lançados no ano para fazer as tradicionais listas dos melhores.
Em um ano com muitos blockbusters decepcionantes, alguns se saíram melhor que outros. Os filmes de super-herói começam a dar sinais ainda mais claros que a saturação total está próxima, neste ano apenas um filme baseado em HQ's foi considerado para a lista dos 10 melhores.
O mérito foi novamente para os filmes de terror, que ganharam notoriedade por explorarem ideias originais e saírem do convencional. Talvez um dos anos mais criativos para o gênero.
Novamente, devido à demora nos lançamentos a minha lista terá muitos filmes da temporada do Oscar, mas dessa vez tentei colocar o menos possível, para as primeiras posições não ficarem tão manjadas.

Essa é a minha lista de 2017:



La La Land: uma revisão nostálgica dos clássicos, com uma mensagem surpreendente no final que ficará marcada pra sempre no meu coraçãozinho

Corra!: Talvez o filme com as melhores ideias de 2017, explora todos os lados de um terror da vida real

Moonlight: o filme mais tocante lançado esse ano no Brasil, doce na medida certa e agressivo quando precisa, filmaço!

Silêncio- Um projeto pessoal de Martin Scorsese deve ser visto em uma exposição no museu de tão lindo.

Blade Runner 2049: Dennis Villeneuve trouxe com maestria a sua visão sobre o universo de Blade Runner e se saiu maravilhosamente bem. Para mim tão bom quanto o original

Dunkirk: a experiência mais visceral de guerra que eu já tive em uma sala de cinema, onde o protagonista é a sobrevivência.
Em Ritmo de Fuga: Baby Driver foi o filme mais divertido que vi nos cinemas em 2017, mas acima de tudo uma carta de boas-vindas de Edgar Wright ao cinema estadunidense.
Bingo-O Rei Das Manhãs: Um filme brasileiro para representar um ótimo ano do cinema nacional. Bingo é divertido, dramático e pesado no tom certo.
9 Star Wars-Os Últimos Jedi: Com uma visão muito diferente dos personagens o novo Star Wars traz uma perspectiva olhando para o futuro e isso é ótimo
10 Mãe!: Uma experiência sinestésica no cinema, capaz de fazer pensar em coisas muito mais profundas pelas metáforas do filme.

Neste ano eu decidi abrir para que meus amigos cinéfilos falassem os top 5 lançamentos de 2017. Para isso terei a honra de colocar abaixo a opinião de Mariana Rosa, João Quartiero,Robinson Samulak e Valsui Júnior
Mariana


1 - Corra! - Melhor. Filme. Do. Ano. É. Isto. 
Como que um diretor novato conseguiu falar sobre racismo para diferentes públicos, em um filme de terror e ainda ter humor eu não sei. Sem contar do orçamento! É um filme muito inteligente que entretêm tanto quanto os pastelões. Excelentes atuações, edição, trilha, tudo.

2 - It: A Coisa -  Estava esperando mais um blockbuster de terror e veio muito mais do que isso. É mais do que só um gênero. Uma história clássica muito bem contada, além das ótimas atuações.
3 - Mãe! - Como mulher, achei a história extraordinariamente sensível. Por, inicialmente, permitir diferentes interpretações, para mim foi muito emocionante e pessoal. Quando os pontos se ligaram, achei o filme muito incrível e inteligente.
4 - Dunkirk- Muito diferente de qualquer outro que eu já vi, por ter a própria história como protagonista. O frio na barriga do primeiro plot point permaneceu por todo o filme. Assisti na ponta da cadeira.
5 - Logan: Eu geralmente não indico filmes de super-herois para os meus pais. Esse foi diferente. Adulto; ótimas atuações cenas de ação; e um bom desfecho para o personagem.

3 - Mãe! - Como mulher, achei a história extraordinariamente sensível. Por, inicialmente, permitir diferentes interpretações, para mim foi muito emocionante e pessoal. Quando os pontos se ligaram, achei o filme muito incrível e inteligente.


João


1-Bingo - O Rei das Manhãs: Vladimir Brichta está incrível no papel de Augusto (personagem inspirado no ator Arlindo Barreto), o intérprete de Bingo (Bozo) e me deu mais aflito como Bingo/Bozo do que o palhaço Pennywise de It - A coisa. Não vivi nos anos 80 para saber como era realidade na época, mas esse filme é cara do Brasil.


2-Corra!: o melhor filme de terror de um ano que teve ótimas produções do gênero. É agonizante, engraçado, muito bem atuado e extremamente relevante.

3-Mãe!: depois que cai a ficha, é bem fácil de entender o que o longa representa, só que mesmo assim continua deixando muito para se pensar. Aliás, achei que a Jennifer Lawrence se superou nesse aí.

4-Mulher Maravilha: não considero um os melhores filmes de 2017, mas é um dos meus favoritos. As cenas de luta são demais e Gal Gadot destrói como Mulher Maravilha. Ela e Chris Pine formaram um dos melhores casais de super-herói.

5-Logan: melhor forma de Hugh Jackman se despedir do Wolverine. É o filme mais profundo da franquia X-Men e um dos mais entre os filmes de super-heróis.

Robinson

Lucky (07/12) - Talvez o filme mais bonito do ano e uma belíssima despedida de um dos maiores nomes de Hollywood. Um filme poético que, como a mais bela das poesias, é simples, mas carregado de significado. 

Logan (02/03) - Pode ser considerado o filme de heróis mais importante do ano. Se Deadpool arriscou numa proposta nova para o gênero, Logan foi o primeiro a acertar nessa nova proposta.

Corra! (18/03) - O terror é um gênero que está longe de estar esgotado, Corra! está aí para nos provar isso. Utiliza o gênero para tratar de outros temas relevantes (não uma novidade, mas um agradável exemplo)

Atômica (31/08) - Um filme de ação com representatividade feminina, excelentes cenas de ação e com um roteiro complexo, apesar de simples.

Bom Comportamento (19/10) - Um drama discreto que entrega um excelente Robert Pattinson. O ator certamente ainda irá nos surpreender com trabalhos futuros, e é Bom Comportamento que garante isso.


Valsui (que fez uma lista especial somente de filmes brasileiros)


1. Arábia
O filme de João Dumans e Affonso Uchoa, vencedor de Melhor Filme do Festival de Brasília de 2017, conquista o primeiro lugar no ranking por tratar de uma maneira intimista e quase que autobiográfica a odisseia de um retirante de suas próprias terras; um andarilho que, em busca de uma maneira de se sustentar para sobreviver, toca em assuntos essenciais como o direito do trabalhador em ano de reforma trabalhista.







2. Corpo elétrico
O filme de Marcelo Caetano aborda a vida do operariado do chão de fábrica de uma empresa têxtil em São Paulo. Além disso, a questão da sexualidade é trazida à tona de
maneira bastante sutil e surpreendentemente, o filme não cai no tabu pelo tabu: é também uma ode à liberação dos corpos, independente de sexualidade.

3. Bingo, o rei das manhãs
E por falar em moralidade… Na representação do cotidiano do famoso palhaço Bozo em Bingo, o rei das manhãs, não há quase nenhuma. O filme, que por pouco chegou a concorrer o Oscar como filme estrangeiro, traz uma nova temática para a produção cinematográfica brasileira: a verdadeira face de uma representação cultural dos anos 1980 por muito tempo esquecida e, agora, com uma qualidade impecável.

4. Como nossos pais
Ainda tratando sobre círculos familiares, o filme de Lais Bodanzky com as atuações incríveis de Maria Ribeiro e Clarisse Abumjara, tocam na ferida do discurso da “mulher maravilha” do século XXI, que faz tudo: cuida da casa, tem uma vida profissional, cria os filhos e, ainda assim, tem que ser o exemplo de mulher perfeita. Altamente recomendado.

5. O filme da minha vida
O primeiro filme da lista é o longa-metragem de estreia de Selton Mello na direção cinematográfica. O filme, que conta com uma belíssima fotografia, é baseado na novela “Um pai distante”, de Antonio Skármeta e conta a história de um jovem que volta para sua terra natal, no interior rural do sul do Brasil, em busca da figura do pai. É, afinal, uma bela história de pai e filho.

Minhas Menções Honrosas:
"Logan" (estava na lista até ver Star Wars); "Paterson" (poesia na tela do cinema) ; "Manchester à Beira-Mar" (pensa num filme triste); "Z: A Cidade Perdida"(FILMAÇO); "It: A Coisa"; "Mulher-Maravilha".




domingo, 26 de fevereiro de 2017

Palpites para o Oscar 2017

Últimas horas antes do Oscar. Por mais que seja uma festa bem longa e bem injusta, ainda tem charme e é sensacional pra qualquer cinéfilo.
Abaixo o palpitão do Oscar. Com diferença para quem merecia e quem eu acho que leva



Filme
"A chegada"
"Até o último homem"
"Estrelas além do tempo"
“Lion: Uma jornada para casa”
"Moonlight: Sob a luz do luar"
"Cercas"
"A qualquer custo"
"La la land: Cantando estações"
"Manchester à beira-mar"
Quem merecia: La La Land. Lindo demais, resgata muitos filmes clássicos e revive um dos gêneros mais importantes do cinema.
Quem leva: La La Land. Vem levando tudo o que concorreu e não deve ser pra nada que vieram as impressionantes 14 indicações.

Diretor
Dennis Villeneuve ("A chegada")
Mel Gibson ("Até o último homem")
Damien Chazelle (
"La la land: Cantando estações")
Kenneth Lonergan (
"Manchester à beira-mar")
Barry Jenkins (
"Moonlight: Sob a luz do luar")
Quem merecia: Damien Chazelle. Consegue mais uma vez trazer um filmaço e entrega uma obra extremamente cativante.
Quem leva: Damien Chazelle. O buzz que esse diretor causou não pode ser levado em vão.

Ator
Casey Affleck (
“Manchester a beira mar”)
Denzel Washington (“Cercas”)
Ryan Gosling (
“La La Land – Cantando estações”)
Andrew Garfield (“Até o Último Homem”)
Viggo Mortensen (
“Capitão Fantástico") 
Quem merece: Denzel Washington. Acho que o fato de já ter ganhado 2 Oscars depõe contra, mas ao lado de Casey Affleck foram as minhas atuações favoritas.
Quem leva: Casey Affleck. Um trabalho incrível de introspecção, bastante merecido. Mesmo tendo feito as merdas que fez, traz uma excelente atuação.

Atriz
Natalie Portman ("Jackie")
Emma Stone (
"La La Land - Cantando estações")
Meryl Streep (
"Florence: Quem é essa mulher?")
Ruth Negga (“Loving“)
Isabelle Huppert ("Elle")
Quem merece: Isabelle Huppert. Talvez a mais exigida de todas, porque o diretor usou e abusou dela em cena, parecia ter orgulho do talento que tinha em mãos.
Quem leva:Emma Stone. Bonita, jovem, talentosa, a indústria adora premiar essas pessoas, por isso Emma Stone leva.

Ator Coadjuvante
Mahershala Ali ("Moonlight: Sob a luz do luar")
Jeff Bridges (
"A qualquer custo")
Lucas Hedges (
"Manchester à beira-mar"
)
Dev Patel (“Lion: Uma jornada para casa”)

Michael Shannon ("Animais noturnos")
Quem merece: Mahershala Ali. Um ator excelente que já chamava minha atenção lá em House Of Cards, agora chega ao cinema em uma interpretação fantástica.
Quem leva: Mahershala Ali. Ele é a melhor coisa do filme e por aparecer pouco me dá uma sensação de saudade contínua.

Atriz Coadjuvante
Viola Davis ("Cercas")
Naomi Harris 
(Moonlight-Sob a Luz do Luar)
Nicole Kidman (“Lion: Uma jornada para casa”)
Octavia Spencer ("Estrelas além do tempo")
Michelle Williams (Manchester a beira-mar)
 Quem merece: Viola Davis. Uma das mulheres mais poderosas de Hollywood, atuando em alto nível há bastante tempo, não tem nem o que discutir.
Quem leva: Viola Davis. A academia vai tentar se redimir do OscarSoWhite e vai dar um prêmio merecidíssimo à ela.

Melhor roteiro original
Damien Chazelle (La La Land)
Kenneth Lonergan (Manchester a beira-mar)

Taylor Sheridan (A qualquer custo)

Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou ("O lagosta")
Mike Mills ("20th century woman")
 Quem merece: O Lagosta. Uma ideia muito louca, com vários aspectos surreais e muito interessantes, um daqueles roteiros tão bons que passam durante um tempo sendo lembrados.
Quem leva: A Qualquer Custo. Este roteiro esteve na lista negra de Hollywood e foi resgatado com maestria, se for pra ele também é muito merecido.

Melhor roteiro adaptado
Barry Jenkins (Moonlight-Sob a Luz do Luar)
 
Luke Davies ("Lion: Uma jornada para casa")
August Wilson ("Cercas")
Allison Schroeder e Theodore Melfi ("Estrelas além do tempo")
Eric Heisserer  (A Chegada)
Quem merece: Eric Heisser. A Chegada é tão bem adaptado que me fez ler o livro e constatar que o trabalho do roteirista é bem superior ao conto.
Quem leva: Barry Jenkins. Moonlight é tocante e sensível, com um roteiro que pode parecer simples, mas encontra altos picos de complexidade.

Animação
"Kubo e as cordas mágicas"

"Moana: Um mar de aventuras"
"Minha vida de abobrinha"
"A tartaruga vermelha"
"Zootopia"
Quem merece: Kubo. Animações em Stop Motion são meu fraco, mas a história contada aqui é linda e merecia mais atenção.
Quem leva: Zootopia. Animação é da Disney e como Zootopia apresenta algo muito divertido, importante e diferente leva. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Análise Informal: Até o Último Homem

Seguindo a série de análises informais de alguns dos indicados à melhor filme no Oscar 2017 falo hoje sobre o novo filme de Mel Gibson, "Até o Último Homem".
O filme é baseado na história real de Desmond Doss (Andrew Garfield), o primeiro Opositor Consciente a receber a maior medalha de honra do exército americano. Desmond era cristão e seguia os princípios do Adventismo, por isso decidiu ir à 2° Guerra sem pegar em armas, apenas como médico.

Essa obra retrata o que é a imagem de Mel Gibson, um homem muito religioso, mas que traz uma violência absurda.Aliás ninguém faz violência no cinema melhor que o naturalizado australiano. Após quase 10 anos de afastamento da direção Hollywood teve que reabastecer seus estoques de sangue e presenciar os absurdos que Gibson falava e fazia.

Mel Gibson, talentoso e babaca ao extremo

Se separarmos obra de artista posso afirmar com certeza que gosto do trabalho de Mel Gibson, acho que até mais como diretor que como ator. Ele retrata com uma crueza firme o horror da guerra, acho que nunca vi um campo de batalha mais assustador que este. As cenas de batalha são realmente impressionantes, você se sente dentro da ação e vê corpos mutilados por todo lado.
Em alguns momentos o filme se torna um pouco brega, ele não toma partido se pegar em armas ou não é o ideal na guerra, mas é clara a visão de que os japoneses são os vilões. A trilha sonora pesa em vários momentos e dá um tom melodramático desnecessário em algumas cenas que se fossem diminuídas seria perfeito. Mas a película possui muitos méritos, a atuação de Garfield é excelente, ele consegue dar um tom de ingenuidade ao personagem que te coloca próximo às escolhas dele, você respeita e entende as motivações de Desmond apesar de tudo que ele passa.
Até a atuação cômica de Vince Vaughn como o Sargento Howell funciona, no segundo ato o filme se torna muito parecido com "Nascido Para Matar" e tudo ali engrandece a força que o filme traz momentos depois.
Na minha opinião este é o melhor filme de guerra desde "O Resgate do Soldado Ryan". Passa fácil por "Guerra ao Terror" e "Sniper Americano" que não me engajaram em nada. Filmaço que merece ser visto e apreciado como uma excelente obra, sem levar em conta a babaquice de seu diretor, mas sim seu talento absurdo.


Assista o trailer legendado abaixo:





Análise Informal-Fences

Fences, porque me recuso a chamar de Um Limite Entre Nós, dirigido e estrelado por Denzel Washington, com a rainha Viola Davis.



O filme conta a história de Troy (Denzel), um coletor de lixo que se vê com um remorso enorme por não ter seguido em frente na carreira de jogador de basebol e acaba refletindo isso na vida que leva. Sua mulher, Rose (Viola Davis) acaba tendo que segurar as pontas entre ele e seu filho(Jovan Adepo), que sonha em ser jogador e odeia o fato do pai não deixá-lo ser livre para fazer suas escolhas.
O filme é baseado em uma peça de teatro de mesmo nome e esse fator fica estampado na tela à todo momento, os diálogos longos, a pouca variedade de cenários, a clara separação em atos dá a sensação de um resgate ao cinema antigo, com uma belíssima retratação de época.
Ao mesmo tempo em que o filme mostra dramas familiares a trama ainda dá espaço para a discussão social da época, os direitos civis dos negros ainda engatinhavam nos anos 1950 e em alguns momentos essa questão é trazida à tela. Um exemplo é quando Troy fica indignado que somente brancos podem dirigir o caminhão do lixo


.
A direção de Denzel é muito boa, com grandes planos que exigem bastante dos atores e esse é o principal ponto do filme, a atuação. Não só Washington, mas Viola Davis está fantástica, quando ela aparece em cena você nota um pesar de ter que carregar um fardo e ter que simplesmente viver a vida. Em um momento chave do filme uma decisão de Troy é devastadora e mesmo assim Rose vive a sua jornada e vê com otimismo o que lhe foi dado.
O filme pode parecer lento, pois as cenas de diálogo são longas e pesadas, mas os temas abordados são muito importantes e bons de serem discutidos, como deficiência mental, perseguir seu sonho, escolhas determinantes na vida e a vida do subúrbio americano.
Este roteiro é fantástico e as atuações conseguem passar a emoção necessária para que você acredite em tudo o que está na tela. Um filmaço que pode ser encarado como lento e pesaroso, mas acredite no magnífico texto e no casal principal, eles irão te levar a um dos meus filmes favoritos do ano. Adorei e recomendo 

Veja o trailer legendado abaixo:



terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Análise Informal: Manchester à Beira-Mar

Mais uma análise muleque de um dos indicados à Melhor Filme no Oscar 2017. O grande Manchester à Beira Mar. Dirigido por Kenneth Lonergan o filme se envolveu em uma série de polêmicas após denúncias de abuso cometido por Casey Affleck há alguns anos atrás com assistentes e produtoras quando ele dirigiu o falso documentário "I'm Still Here".
É difícil abstrair a obra de um artista, mas é o que eu tento fazer sempre que vejo um filme, livro, série, hq, etc.



O filme conta a história do zelador Lee Chandler (Affleck), que tem que voltar para a pequena cidade de Manchester para cuidar do sobrinho Patrick (Lucas Hedges) depois que o seu irmão (Kyle Chandler) morre. A principal mensagem desse filme é como nós lidamos com as nossas cagadas do passado, nesse caso um erro que persegue o personagem por toda a sua vida. A visão de que o mundo te julga e as pessoas não vão parar para refletir e pensar no real motivo de um erro alheio.
Sem querer dar spoiler, mas imagine a pior coisa que você pode fazer, adicione isso ao fator de que tudo foi acidental e se você tivesse tomado cuidado com pequenos detalhes isso jamais teria acontecido. Esse é o peso que Lee Chandler tem que lidar, por isso a atuação de Affleck é tão impressionante, uma pessoa amargurada que sofre a cada momento que precisa ter uma interação social.
A direção de Kenneth Lonergan não apenas traz todo o potencial do protagonista, mas de todo o seu elenco. Michele Williams interpreta a ex-mulher de Lee e em apenas 3 cenas quebram a compostura de qualquer um. Além dela e de Affleck, Lucas Hedges conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante ao fazer um adolescente que não sabe como lidar com a morte do pai, tentando em todos os momentos apresentar uma imagem de felicidade e tranquilidade.

A direção de atores é o principal trabalho de Lonergan neste filme

O maior problema para quem assiste é o ritmo, o diretor não tem pretensão nenhuma de fazer um filme acelerado com cenas fortes em todos os momentos, os detalhes são essenciais para a construção das relações e o desenvolvimento do filme.
Como disse lé no começo, se você conseguir abstrair a obra do artista assistirá um grande filme com atuações enormes e uma discussão muito interessante sobre o que é o perdão e sobre o mundo ao redor com dilemas internos e discussões pessoais.

Assista o trailer abaixo:


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Análise Informal: La La Land

O queridinho das premiações desponta como amplo favorito no Oscar deste ano, mas será que é tão bom assim? Igualando as 14 indicações de "Titanic" e "A Malvada", "La La Land" chega com uma expectativa muito alta, isso porque a crítica amou e as premiações estão focadas neste filme.
Confesso que de primeiro momento achei as reações exaltadas demais. Vários lugares dando a nota máxima, mas esse excesso de positividade não abalou a minha experiência. Cheguei no cinema e logo na primeira cena o meu preconceito inicial por musicais acabou. Por algum motivo a música "Another Day of Sun" com pessoas parando o que fazem para cantar no meio da rua não me cansou como em outros filmes. A simulação de um plano sequência que o diretor Damian Chazelle fez já me encantou os olhos e até o final da sessão eu não parei de ficar mais empolgado a cada minuto do que passava na tela.
A primeira música do filme, indicada ao Oscar:


Com o avançar da trama, Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling), se conhecem e vivem uma paixão intensa de dois sonhadores. Ela trabalha como garçonete em um Café nos estúdios Warner e quer ser uma atriz famosa de Hollywood. Ele é um pianista muito talentoso que quer "somente" criar seu clube salvar o jazz, mas enquanto isso não acontece ele toca "jingle bells" em restaurantes e "Take On Me" em pool parties.
Conforme o filme passa as cenas de música vão se dissipando e ficando mais raras, as músicas aparecem em peças e apresentações e aquele primeiro número se mostra mais distante a cada minuto de tela com números mais contidos, "City of Stars" é a prova disso.



O diretor Damien Chazelle (que homem) entrega mais um filme extraordinário que fala sobre obsessão em seguir seus sonhos. Ele já nos presenteou com "Whiplash", disparado um dos meus filmes preferidos de 2014 e contou em entrevista que fez esse primeiro apenas para provar que era capaz de fazer "La La Land".
Em nenhum momento a obra se torna maçante, porque apesar do roteiro simples o clima em torno do casal é fantástico.
Damian Chazelle ao lado de Ryan Gosling que aprendeu a tocar piano para atuar no filme 

O filme traz uma visão muito clara do que são os sonhos, apesar de renúncias que temos que fazer para conquistá-los ainda sim é uma obra muito otimista sobre os objetivos de uma vida. Um filmaço que me fez sair feliz do cinema, sapateando no meio da rua. Assista este que é o meu favorito dos indicados ao Oscar de Melhor Filme. Adorei cada minuto dessa homenagem ao cinema.



segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Melhores filmes de 2016, na minha opinião

Chegou ao fim o ano difícil ano de 2016, talvez um dos anos recentes mais fracos, mas embalou no fim e acabou com um saldo bem positivo. Na tentativa de reunir os filmes lançados nesse ano, tentei não colocar os filmes que estrearam nesse ano por atraso das distribuidoras, mas quatro merecem muito figurar nessa lista, justamente os primeiros. Mas tem filme bom produzido neste ano sim!



Os chamados filmes de Oscar são inegavelmente superiores, alguns figuram entre os que eu mais me empolguei, diverti, me emocionei na minha vida. Dos lançamentos mundiais destes ano os destaques vão para "Os 8 Odiados", de Quentin Tarantino, que é um dos Tarantinos mais fraco que já vi, acho inferior até ao Jackie Brown, mas ainda assim é um filmaço, o que prova que o cara é um gênio. Merece entrar na lista dos 10 melhores.

Este ano teve muito destaque nos filmes de terror, dos quais dois me chamaram bastante a atenção, "A Bruxa" e "Invocação do Mal 2", com visões particulares de terror, um com mais clima pesado, sem gore e outro com sustos e tudo mais. Gostei também de dois filmes de terror que lidam com características físicas dos protagonistas. O lançamento no Brasil exclusivo Netflix, "Hush-A Morte Ouve" (que péssimo subtítulo) e outro de um diretor que gosto muito, Fede Alvarez, trazendo "O Homem Nas Trevas".

Os filmes de super-heróis decepcionaram muito. Por ordem de lançamento, Deadpool (o único que eu colocaria na lista), um filme que brinca muito com o gênero, que está começando a dar sinais de saturação e tem muita imaturidade. Batman Vs. Superman - A Origem da Justiça, o filme mais injustiçado do ano pela crítica, a galera pegou muito pesado com um filme que tem erros, é claro, mas apresenta contextos muito diferentes e interessantes, o filme traz algo novo. 
Capitão América-Guerra Civil, o filme que mais me deixou receoso sobre como o gênero de super-heróis está ficando saturado, com um potencial enorme, porque eu adoro o Guerra Civil dos quadrinhos, mas entrega um episódio de série, completamente esquecível. X-Men Apocalypse, sinceramente ignoro. Esquadrão Suicida, o pior filme de quadrinhos do ano, olha que eu torço muito pela DC, mas não dá, uma história bizarra e um Coringa boçal fazem este filme um dos que eu menos gosto em TODOS os de super herói que já vi. Pra fechar o ano, Doutor Estranho, um visual muito absurdo, com as cenas de ação mais divertidas do ano, mas é só, um roteiro comum que não sai da zona de conforto, diferente de Batman Vs Superman.


Sobre os blockbusters, me decepcionei com Warcraft, Procurando Dory e O Bom Dinossauro, dois da Pixar no mesmo ano :(. Em contrapartida gostei muito de alguns que me surpreenderam, como Mogli, As Caça-Fantasmas e Star Trek: Beyond, gostei bastante dos três, já que me interessava pelo material anterior, principalmente Mogli, me diverti bastante.
Sobre Animais Fantásticos e Star Wars: Rogue One, não tenho poder crítico para avaliar histórias que apelam tanto para o meu emocional, mas tenho que dizer que prefiro a saga Harry Potter e os episódios da cronologia episódica de Star Wars.

Sobre os filmes nacionais, alguns que pude ver gostei bastante, primeiro com Mais Forte que o Mundo- A História de José Aldo que é bem divertido e conta uma história sensacional de um lutador que sou muito fã. Mas não podemos falar em filmes brasileiros sem ao menos citar Aquarius, um dos mais brilhantes relatos do que é o Brasil, excelente.

Abaixo estão os 10 melhores filmes lançados no Brasil em 2016, na minha opinião :)



1 "Creed". Desculpem os outros, mas nenhum filme me fez vibrar mais e ficar tão feliz no cinema quanto Creed, um dos 3 melhores da franquia Rocky, sem dúvidas. Aqui o lado emocional pesou muito.
2 "O Quarto de Jack". Ao mesmo tempo em que "Creed" me fez vibrar como nenhum outro, "O Quarto de Jack" me fez chorar como nenhum outro, provavelmente não irei rever, mas ficará marcado pra mim.
3 "Spotlight". Como estudante de jornalismo esse filme me fez pensar sobre os caminhos da profissão e a enorme importância dela para o mundo, vale muito a pena.
4 "O Regresso". Um filmaço da luta humana pela sobrevivencia, com uma fotografia fantástica e atuações muito boas, merece o quarto lugar.
5 "A Chegada". O melhor filme de ficção científica dos últimos anos, traz questões lindas que só podem ser discutidas se você viu o filme, então aproveite.
6 "Os 8 Odiados". Tarantino não foi tão brilhante como sempre, mas ainda assim é melhor que 95% de tudo o que sai no cinema.
7 "Capitão Fantástico". Original, lida com questões brilhantes e situações absurdamente interessantes, como o "Noam Chomsky Day". Emociona, diverte e é simplesmente lindo.
8 "Aquarius". Sem dúvidas o melhor filme brasileiro do ano, um absurdo que tenha sido relacionado com polêmicas políticas e ficado fora da disputa pelo Oscar. Vale ser visto por coxinhas e petralhas sem nenhuma restrição.
9 'Rogue One - Uma História Star Wars". O melhor Star Wars do ano, então merece estar aqui. Esse filme engrandece ainda mais o Episódio IV, só por isso já merece lugar na lista. Além da cena com final, que significa muito mais depois da morte de Carrie Fischer
10 "O Lagosta". Filme muito estranho, com uma premissa das mais originais que eu já vi e me deixa curioso com os próximos passos do diretor grego.

Menções honrosas: Deadpool (estava na lista até a última revisão, quando coloquei Capitão Fantástico), Zootopia (quase entrou na lista), A BruxaInvocação do Mal 2, O Homem Nas Trevas, Star Trek: Beyond, Mogli-O Menino Lobo, Anomalisa, Animais Fantásticos e Onde Habitam"

Tem algum que eu não falei? Alguma posição que você discorda? Comenta aí! Adorarei falar contigo.